Em discussão

Profissionais do HUSFP cobram uso de torre de vídeo pelo SUS

Equipamento faz parte da modernização de uma das salas do Centro Cirúrgico; direção garante que quase 80% dos serviços do hospital são pelo sistema público

Divulgação -

Pouco mais de um mês depois de instalada para ajudar a modernizar uma das sete salas cirúrgicas do Hospital Universitário São Francisco de Paula da Universidade Católica de Pelotas (HUSFP-UCPel), uma torre de vídeo vira o centro de denúncia disparada por profissionais. O relato é de que em boa parte do tempo o equipamento - adquirido através de emendas parlamentares - se mantém ocioso ou direcionado a procedimentos realizados pela rede particular ou via convênios. A média seria de apenas uma cirurgia por dia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com a recente aquisição. A direção do HUSFP não informou o número, mas garantiu que a instituição presta 80% de todos os tipos de serviços pelo sistema público.

A expectativa era de que com a torre de vídeo nova, cirurgias como as de vesícula, por exemplo, pudessem deslanchar. Hoje 358 pessoas aguardam por essa intervenção pelo SUS em Pelotas - informa a Secretaria de Saúde. "Se o equipamento que garante o padrão ouro desse tipo de cirurgia, minimamente invasiva, ficar parado, foi um gasto de verba pública em vão", destaca um dos integrantes das equipes, que prefere não ser identificado.

Ao anunciar a abertura de mais uma sala no Centro Cirúrgico, em 21 de fevereiro, e destacar os avanços tecnológicos na estrutura que permitiria a redução de carga de trabalho e mais segurança à atuação médica, o hospital projetou o incremento de mais mil procedimentos por ano. "Em tese esses equipamentos vão permitir, na maior parte do tempo, uma operação full time das nossas salas", chegou a afirmar o diretor de Assistência, Edevar Rodrigues Machado Júnior, ao referir-se à série de compras viabilizadas com a verba das emendas dos deputados Daniel Trzeciak (PSDB) e Afonso Hamm (PP).

Na prática, quem gostaria de tempo integral para fazer uso da nova torre de vídeo, pelo SUS, segue no aguardo da liberação. Desde o ano passado, o tema das cirurgias por vídeo tem gerado debate e chegou a provocar pedido para melhorias nas outras duas torres antigas, que estariam "impraticáveis" para procedimentos abdominais devido à qualidade ruim das imagens - garantem profissionais com quem o Diário Popular conversou.

O que diz o hospital

Ao se manifestar via assessoria de Comunicação, na tarde de quinta-feira, o HUSFP não informou o número de cirurgias realizadas com o uso da torre de vídeo e explicou que o novo equipamento apresentou problema na sexta-feira, 25 de março. Como ainda está no período de garantia, foi encaminhado direto para fábrica. A direção do Hospital São Francisco de Paula também fez questão de enfatizar que, embora a Lei da Filantropia exija que 60% dos serviços devem ocorrer pelo SUS, o índice alcança quase 80%.

E, apesar de a instituição não possuir fins lucrativos, a defasagem extrema das tabelas de remuneração do SUS faz com que os atendimentos privados e por convênio assegurem a injeção de recursos, que permite a continuidade da ampla assistência pelo Sistema Único de Saúde. O HUSFP sustenta ainda que a mesma proporção é aplicada na realização de cirurgias e no uso de equipamentos.

Relembre o que incluem os investimentos 

Um total de R$ 1,25 milhão, oriundos de duas emendas parlamentares, foi investido em melhorias no Centro Cirúrgico. Além de três focos com sistema endo (luz verde) para iluminação de videocirurgias, foram adquiridos uma mesa com capacidade para atender pessoas obesas, torre de vídeo com grande capacidade de profundidade no campo cirúrgico - que permite a realização de procedimentos minimamente invasivos -, monitor, aparelho de anestesia e bisturi eletrônico. Um microscópio cirúrgico também estará à disposição em breve. São investimentos positivos aos trabalhadores, mas principalmente aos pacientes.

A palavra do deputado Daniel Trzeciak 

Autor da emenda de R$ 1 milhão, que permitiu a compra de equipamentos como a torre de vídeo, o deputado federal afirmou que saúde é uma das áreas prioritárias do trabalho. Em três anos e dois meses, foram destinados mais de R$ 14 milhões para o setor e, só o HUSFP-UCPel, ao longo deste período, foi contemplado com R$ 2,6 milhões aplicados na compra de 153 itens - já adquiridos ou em fase de aquisição.

"Um dos papéis do nosso mandato é buscar recursos centralizados em Brasília e garantir sua chegada aos municípios, na forma de bens e serviços", reforçou Daniel Trzeciak (PSDB). Ao ser questionado sobre as formas de controle da aplicação das emendas, o parlamentar - que já visitou as instalações da nova sala cirúrgica - argumentou que a fiscalização do contrato do serviço prestado pelo hospital cabe à Secretaria de Saúde e ao Conselho Municipal de Saúde.

O que diz o governo federal 

O Ministério da Saúde se pronunciou através da assessoria de imprensa e confirmou que não existem impedimentos legais para que os hospitais filantrópicos realizem atendimentos pela rede particular ou convênios. Conforme estabelece a legislação - lei 12.101, de 2009 -, entretanto, devem ofertar a prestação de serviços ao SUS no percentual mínimo de 60%; "o que vale também para o uso de equipamentos como a nova torre de vídeo".

 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Atendimento por e para todos Anterior

Atendimento por e para todos

Presidente do TST defende Varas do Trabalho Próximo

Presidente do TST defende Varas do Trabalho

Deixe seu comentário